Carnaval de rua e Escolas de Samba no Rio de Janeiro
Carnaval de rua e Escolas de Samba no Rio de Janeiro
O carnaval de rua carioca é uma das maiores festas populares do Brasil, conhecida no mundo todo por sua beleza, irreverência e alegria. Além dos tradicionais desfiles das Escolas de Samba, tradição quase centenária, os blocos de carnaval do Rio arrastam multidões e conquistam vários adeptos a cada ano.
E em cada carnaval cresce o número de blocos. Segundo a RioTur, em 2024 serão 453 cortejos pela cidade maravilhosa entre Janeiro e Fevereiro, sendo 10 deles considerados megablocos, ou seja, que arrastam mais de 100 mil foliões. O Centro é a região com o maior número de desfiles (128), seguido pela Zona Sul (98).
Nos primórdios, os blocos de carnaval de rua
A história conta que, a partir da metade do Século XIX, o carnaval começou a se popularizar no Rio de Janeiro. Enquanto a elite da cidade se divertia em grandes bailes fechados, inspirados nas festas realizadas na Europa, o resto da população começava a brincar pelas ruas, em uma comemoração parecida com o entrudo, uma festa portuguesa na qual os foliões brincam e jogam produtos uns nos outros, como água, farinha e suco de limão.
Os primeiros registros oficiais de blocos de carnaval do Rio aconteceram em 1889, um ano após a abolição da escravatura no país. Começava ali, também, a tradição de se batizar os blocos com nomes bem irreverentes. Entre os mais famosos naquela época estão o Bumba meu Boi, Prazer da Providência, Piratas do Amor e Filhos de Satã.
5 blocos de rua mais tradicionais do Rio
Mais de 130 anos se passaram e os blocos cresceram muito, tanto em quantidade de público quanto em criatividade. Até hoje muitos mantêm a tradição de receberem nomes curiosos.
Existem opções para todos os gostos e estilos, desde blocos pequenos, de bairros, até blocos gigantescos, que trazem a presença de artistas como suas atrações principais. Listamos os cinco tradicionais blocos cariocas que você não pode perder.
Cordão da Bola Preta
Fundado em 1918, o Cordão da Bola Preta é o bloco de carnaval do Rio mais antigo em atividade. Sai às ruas tradicionalmente nas manhãs de sábado de Carnaval e atrai sempre uma multidão.
O bloco tem até uma marchinha própria, famosa pelos versos “quem não chora, não mama” e conta sempre com personalidades como madrinha. Já ocuparam esse posto a cantora Maria Rita, as atrizes Paolla Oliveira e Leandra Leal.
Público fotografa Paolla Oliveira no Bloco Cordão da Bola Preta — Foto: Paulo Tauil/AgNews
Desde 2007, o Cordão do Bola Preta é Patrimônio Cultural Carioca.
Suvaco do Cristo
É fácil entender o nome do bloco ao conhecer o local onde ele foi fundado: o bairro Jardim Botânico, de onde se enxerga facilmente o Cristo Redentor. Passou a fazer parte do carnaval de rua em 1985 e, até hoje, os desfiles acontecem na região, sempre nos domingos de carnaval. Apesar de ser relativamente novo, é um dos mais tradicionais da Zona Sul carioca.
Bangalafumenga
No quesito nome, o Bangalafumenga é um dos mais curiosos. A palavra tem origem no Nordeste e costuma ser usada para se referir a pessoas consideradas inúteis. Já o bloco, porém, de inútil não tem nada.
Criado em 1998 na Gávea, no mesmo ano já desfilou com uma mistura do samba com outros ritmos, como o funk. O sucesso foi tão grande que a banda que toca no bloco já gravou CDs e realiza shows regularmente.
Cacique de Ramos
É um dos melhores blocos de rua para quem gosta do samba raiz. Sempre teve uma forte ligação com sambistas conhecidos, como a saudosa Beth Carvalho, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.
A história do bloco com o ritmo é tão forte que o Cacique de Ramos foi até homenageado pela Mangueira no desfile de 2012, com o enredo “Vou Festejar! Sou Cacique, sou Mangueira”. O bloco foi fundado em 1961 no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio. Dois anos depois, transferiu os desfiles para a região central.
Banda de Ipanema
Uma das praias mais famosas do Brasil tem um bloco para chamar de seu: a Banda de Ipanema. O bloco alegra o carnaval do bairro desde 1964. O cartunista Ziraldo e o jornalista Sérgio Cabral foram alguns dos fundadores.
Na Banda já se apresentaram artistas como Chico Buarque, Martinho da Vila e Leila Diniz, que era considerada musa e madrinha. O bloco é tão importante para o Rio que já foi declarado como Patrimônio Imaterial da cidade.
Dicas de segurança no carnaval de rua do Rio
Em todo lugar em que estão previstas multidões, é preciso ficar atento às questões de segurança. Nos blocos de carnaval do Rio não tem como ser diferente. Por mais que o policiamento seja reforçado, todo cuidado é pouco.
3 dicas simples para curtir o carnaval de rua
Evite levar muita quantidade de dinheiro vivo. Se for usar cartão para compras, confira o valor cobrado na maquininha.
Máquinas fotográficas e aparelhos celulares são alvo fácil de criminosos, por isso é preciso ter atenção redobrada com eles. Se estiver acompanhado, marque um ponto de encontro de fácil acesso caso vocês se percam.
Cuidado também com os alimentos que for ingerir e não se descuide da hidratação. Beba muita água. Como o Rio de Janeiro é uma cidade muito quente e os blocos acontecem ao ar livre, debaixo de sol, é bom se prevenir com protetor solar e bonés.
Os blocos, principalmente os maiores, contam com estrutura de apoio como banheiros químicos e assistência de médicos, ambulâncias e UTIs móveis. Não há, porém, estacionamento fácil para a maioria dos blocos. Evite ir de carro próprio, optando por táxi, carros de aplicativo, ônibus e metrô, caso exista uma linha próxima.
Um outro jeito de sentir o carnaval
Na ausência dos blocos de carnaval do Rio, dá para sentir o clima da folia visitando o Sambódromo em qualquer época do ano. Mesmo que ele esteja vazio, é um local histórico que merece um lugar especial nas suas recordações.
O mundo sempre está de olho na Marquês de Sapucaí. Afinal, é lá que acontece um dos maiores espetáculos da Terra: o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. A cada ano que passa, as expectativas são superadas e as apresentações são dignas de aplausos, sendo uma verdadeira catarse para os foliões apaixonados.
Não há cansaço que desanime quem lota as arquibancadas para acompanhar a festa e sambar até o dia amanhecer. Para os componentes de cada agremiação, o sentimento que fica é o dever cumprido.
A tradição, quase centenária, é uma das principais marcas do Brasil, por isso, é repleta de histórias que iremos contar a seguir.
A história dos desfiles das escolas de samba
A Sapucaí é quase um sinônimo para carnaval do Rio, porém, os desfiles das escolas de samba são bem anteriores ao sambódromo. No começo da década de 1920, os blocos carnavalescos começaram a se popularizar na cidade, organizando apresentações pela região central e em alguns bairros durante os dias de carnaval.
Com o passar dos anos, vários blocos foram ficando mais estruturados e começaram a incluir enredo, padronização de fantasias em alas e até casais de mestre-sala e porta-bandeira.
Alguns deles, aliás, se transformaram em “Escolas de Samba” e, a partir de 1932, o jornalista Mário Filho resolveu promover um concurso por meio do seu jornal Mundo Sportivo. O objetivo era eleger a melhor Escola da cidade.
A apresentação aconteceu na saudosa Praça Onze. Alguns critérios de julgamento foram estabelecidos e, neste primeiro campeonato, a vencedora foi a Estação Primeira de Mangueira.
Nas décadas seguintes, com o evento já acontecendo na Avenida Presidente Vargas, o desfile das escolas de samba se fortaleceu e as agremiações tornaram-se cada vez mais profissionais. Em paralelo a isso, o interesse do público só aumentava e o evento se transformou em um dos principais atrativos do carnaval carioca.
Em 1984 foi inaugurado o Sambódromo, na Marquês de Sapucaí, um espaço próprio para os desfiles com mais conforto para o público. A capacidade atual do local é de aproximadamente 70 mil pessoas a cada noite.
Apuração: o que é levado em conta durante o desfile
Ao longo de quase 100 anos de desfiles, os critérios de julgamento mudaram. Hoje, cada Escola do Grupo Especial - uma espécie de Primeira Divisão - tem que obedecer a diversos critérios. Um deles é o tempo estabelecido para o desfile: entre 65 e 75 minutos. Quem faz com menos ou com mais, é penalizado com a perda de pontos.
Outros quesitos avaliados têm a ver com a performance da escola na avenida. São eles: evolução, bateria, harmonia, alegorias e adereços, comissão de frente, fantasia, enredo, samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira.
Um corpo de jurados avalia as apresentações e dá notas, as quais são fracionadas entre 9 e 10. Ou seja: uma escola pode receber 9,9 e a outra, 9,7.
A apuração geralmente acontece na quarta-feira de cinzas na Praça da Apoteose, que fica no Sambódromo. As arquibancadas e as quadras das escolas nas comunidades ficam lotadas de torcedores, sempre vibrando muito a cada nota 10 anunciada.
A agremiação que obtiver o melhor somatório após a leitura de todas as notas fica com o título. A pior é rebaixada, entretanto, o número de escolas que passam para o Grupo de Acesso varia de ano para ano. As seis com a melhor soma de pontos participam do desfile das campeãs.
Imperatriz Leopoldinense, Campeã do Carnaval de 2023, no ensaio técnico - Foto: Alexandre Macieira | Riotur
Quem são as maiores campeãs do carnaval do Rio?
Quinze escolas já tiveram a honra de serem consagradas campeãs do Carnaval do Rio. Dessas, 12 ainda estão em atividade: Portela, Mangueira, Beija-Flor, Salgueiro, Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Viradouro, Estácio de Sá e Vizinha Faladeira. Outras três campeãs já encerraram suas atividades: Unidos da Capela, Prazer da Serrinha e Recreio de Ramos.
Top 10 Escolas de Samba vencedoras
1. Portela - 22 títulos
2. Mangueira - 20 títulos
3. Beija-flor - 14 títulos
4. Imperatriz Leopoldinense - 9 títulos
5. Salgueiro - 9 títulos
6. Império Serrano - 9 títulos
7. Mocidade Independente de Padre Miguel - 6 títulos
8. Unidos da Tijuca - 4 títulos
9. Unidos de Vila Isabel - 3 títulos
10. Unidos do Viradouro - 2 títulos
Grandes carnavalescos do carnaval
Não dá para falar em desfile das escolas de samba sem mencionar uma figura cada vez mais importante para uma agremiação: o carnavalesco. É como se ele fosse o cérebro por trás de cada apresentação. É o responsável pelo desenvolvimento do enredo e pela organização do desfile inteiro.
Joãosinho Trinta (1933-2011) talvez seja o carnavalesco mais famoso, conhecido por sua competência técnica, desfiles luxuosos e ousadia. Trabalhou em grandes escolas, como Beija-Flor, Salgueiro e Viradouro, sendo campeão por todas elas. Aliás, de títulos ele entendia muito bem. Com nove conquistas, é até hoje o carnavalesco mais vitorioso.
Já a carnavalesca mais vencedora é Rosa Magalhães, com sete títulos. O último conquistado foi com a Vila Isabel em 2013. Da nova geração, destaca-se Paulo Barros, famoso por suas inovações e já com quatro campeonatos no currículo: três pela Unidos da Tijuca e um pela Portela.
Os desfiles das escolas de samba em 2024
Os desfiles do Grupo Especial de escolas de samba do Rio de Janeiro será nos dias 11 e 12 de fevereiro, domingo e segunda-feira de carnaval, a partir das 22h.
Domingo, 11 de Fevereiro: Porto da Pedra; Beija-Flor; Salgueiro; Grande Rio; Unidos da Tijuca; Imperatriz.
Segunda-feira, 12 de Fevereiro: Mocidade; Portela; Vila Isabel; Mangueira; Paraíso do Tuiuti; Viradouro.
O clima da Sapucaí o ano todo
Não é só durante o desfile das escolas de samba que o Sambódromo recebe visitantes. Durante todo o ano é possível acessar o berço do samba e sentir um pouco dessa emoção.
Em dois passeios realizados pela Vans do Corcovado, a Marquês de Sapucaí faz parte do roteiro. Os produtos são: Passeio Completo no Rio, que contempla, além do Sambódromo, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o Maracanã, a Catedral e a Escadaria Selarón; e o City Tour, uma versão mais enxuta para quem está de passagem pelo Rio de Janeiro.
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